Eu e Clarice 1 - Primavera 2005
Hoje é noite de muita estrela no céu.
Parou de chover.
Estou sentada na janela do meu atelier.
Abro bem os olhos e apenas vejo você.
Agora te escreverei tudo que vier na minha mente.
É que me sinto atraída pelo desconhecido.
Mas enquanto eu tiver a mim, não estarei só.
Vivo a loucura que não é loucura. Você entende?
Vou te dizer uma coisa.
Não sei pintar nem melhor, nem pior do que faço.
Eu pinto isto, e escrevo isto. É tudo o que posso.
Hoje de tarde nos encontraremos.
E não te falarei sequer nisso que te escrevo,
que contém o que sou e que te dou de presente,
sem que leias.
Nunca lerás o que te escrevo.
O sangue corre nas minhas veias.
O coração bate depressa.
Os músculos contraindo e retraindo.
A aura do corpo em expansão.
É difícil porque preciso repartir contigo o que sinto.
Não sei aonde tudo isto vai me levar,
mais deixo-me ir, me entrego e relaxo.
Só assim estarei em paz e inteira.
Maria Angélica